Nascida no longínquo ano de 1892, a Boa Reguladora conseguiu rapidamente tornar-se numa das mais importantes empresas de relojoaria do Vale do Ave e mesmo do Norte de Portugal, destacando-se actualmente como sendo a mais antiga da Península Ibérica e uma das mais antigas do mundo.
Registada a firma com a denominação São Paulo & Carvalho e inicialmente instalada na cidade do Porto, datam de 1894 os primeiros relógios que produziu. No ano seguinte obteve a medalha de ouro na Exposição Agrícola e Industrial de Vila Nova de Gaia e, em 1896, transfere-se para a freguesia de São Julião de Calendário, em Vila Nova de Famalicão.
Em 1907, “A Boa Reguladora” construiu a sua central eléctrica a vapor e passou também a fornecer iluminação pública a Vila Nova de Famalicão. Desta empresa saíram milhares de relógios para todo o mundo, encontrando-se muitos deles em pleno funcionamento nas igrejas, fábricas, estações e apeadeiros de caminhos-de-ferro e até em coluna, tocando ave-marias em muitas casas particulares.
Fazendo relógios de mesa, de parede, de caixa alta, despertadores e também de pulso, é uma das marcas portuguesas mais perenes e conhecidas partindo de cópias de máquinas norte-americanas, a Reguladora fazia nos seus tempos áureos praticamente todas as peças e as caixas, dando emprego a centenas de operários. Foi um dos grandes fornecedores de relógios de Estação para os Caminhos-de-ferro Portugueses e alguns dos seus relógios domésticos atingiram alguma sofisticação, tocando melodias.
Para Famalicão, a Reguladora e a família Carvalho foram cruciais – não apenas como grandes empregadores – a electrificação da zona ficou a dever-se a uma máquina a vapor importada pela fábrica de relógios.
Sobrevivendo a revoluções, mudanças de regime, conflitos mundiais, durante a II Guerra, devido à escassez de matérias-primas, usava latão e cabos usados do elevador do Bom Jesus, de Braga, derretendo-os. Depois de vender a uma multinacional a sua unidade fabril de contadores eléctricos e de água, depois de várias mudanças no seio da família Carvalho, a Reguladora deixou de fabricar movimentos – importando-os da Alemanha.
Pretendendo manter todos os modelos, as caixas vão continuar a ser de produção nacional, feitas em Famalicão, para já, mantendo a rede de pontos de venda, tentando mesmo alargá-lo. E o objectivo é deixar de importar movimentos, passar a fabricá-los e a montá-los novamente, de raiz introduzindo novamente os relógios de pulso no seu catálogo. Desde logo, a nova empresa, Regularfama, tem muito que fazer – dar assistência aos milhares de relógios Reguladora espalhados por Portugal e um pouco por todo o mundo onde haja comunidades portuguesas.
A elevada qualidade dos movimentos mecânicos é valorizada por caixas de manufactura extremamente cuidada, com acabamentos em talha ou pintura decorativa.
Actualmente o seu programa de fabrico inclui também modernos relógios electrónicos para uso doméstico ou industrial.
A Reguladora faz assim parte da História de Portugal.